sábado, 5 de abril de 2008

Palestra do jornalista Domingos Meireles.


Domingos Meireles, nasceu no Rio de Janeiro e tem 65 anos. Tem dois livros publicados: “A Noite das Grandes Fogueiras” e “1930: Os Órfãos da Revolução” e passagem pelos principais veículos de comunicação do País. Há dez anos, o ex-vendedor de máquinas é repórter especial da Rede Globo.
Em 1965, ingressou no Jornal Última Hora com o apoio do jornalista Maurício Azedo. Meireles viu que jornal era um dos poucos veículos de comunicação que era contra o golpe militar de 1964, este foi um dos motivos de sua vontade de trabalhar naquele veículo de comunicação. A cassação de Juscelino Kubstcheki incomodou bastante Domingos Meireles.
A redação do jornal Última Hora era formada em 90% por bacharéis. Segundo Meireles a imprensa brasileira apoiou o golpe de 64 à exceção do Jornal Última Hora. Os recém chegados na redação eram avaliados pelo jornal, que olhavam se teriam alguma qualidade para a profissão, eram adotados por uma pessoa mais velha da redação, que passaria a ser seu tutor onde passaria a ter os seus passos acompanhados.
Com um ano e sete meses trabalhando no Jornal, Meireles foi convidado a trabalhar na editora Abril na revista 4 Rodas onde fez uma matéria sobre o roubo de carros no Brasil onde eram levados para o Paraguai. Esta matéria impressionou os editores da revista Realidade para onde foi levado e trabalhou de 1968-1971, depois passou pelo Jornal da Tarde, O Globo, Estadão e em 1985 foi para a Rede Globo onde está até hoje.
O repórter Domingos Meireles citou que quando foi convidado para trabalhar na Rede Globo ele nem acreditou porque na época usava cabelos compridos e tinha uma barba do tipo “profeta”, ele disse que foi muito mal recebido pelo pessoal da redação. Trabalhou por pouco tempo no Jornal Nacional, depois ingressou no programa Fantástico e hoje está no Linha Direta.
O seu interesse pela leitura é estimulá-la entre as pessoas, a informação não pode ser apenas da classe mais rica. Em sua opinião o jornal é uma fonte primária, é um registro historiográfico. Na sua visão, a imprensa vive um grande momento de crise, os jornais são basicamente iguais, na linha sucessória do jornalismo ainda não apareceu ninguém para continuar a combater os grandes poderes, o governo.
Para Meireles, hoje as empresas um valor muito alto para um grande jornalista e este por sua vez faz um jornal para o proprietário deste veículo de comunicação em detrimento ao público. Para o jornalista, a grande saída da mídia impressa é esgotar o assunto, não relatar apenas uma nota ou resumo, ela deve fazer matérias de página inteira, um texto bem trabalhado.
Segundo Domingos Meireles, os cursos de jornalismo não exercitam os textos críticos sobre a realidade, os jornalistas hoje não questionam, por exemplo, as pautas, eles não dão opinião, aceitam como são passadas pelo editor.

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